De dentro do território que um Atlas pretende descrever, salta seu próprio limite.
Do inverso do Atlas que contém um todo de indícios, vaza um salto para a certeza do inédito. Do vazio de direção que um salto promete, vê-se o desenho preciso num traço. De uma sacola de destinos possíveis, salta a fortuna.
Isto é mais ou menos certo. Só receberá certificado quando, passado o conjunto de planos de que são feitos os mapas, restar este emaranhado de fios, que só projeta e protege quem se arvora.
Em uma das imagens que cai do arquivo que se desfaz nesta exposição, segundo me dizem (não imagino o motivo que teriam para mentir), pode-se ler em alemão:
"O planeta mais conhecido".
Similar ao ato da figura que dispõe a faixa que anuncia este território como planeta é a de quem se dispõe a exibir fragmentos do arquivo. De cima de uma escada, o passo atrás necessário para uma vista abrangente, um passo em falso no vão da obra em curso.
Exposição inclui o momento do salto, o de deslocar-se do limite que se habita e projetar-se para um ponto imprevisível. O lugar da novidade, pois o mapa investe apenas no previsto. E a frase a certificar isto se pode ler no pequeno livro intitulado
El Mar, que antes de cair, revelo aqui e agora, habitava a borda da janela:
"En las noches muy oscuras veíamos seres que no podíamos identificar. Siempre hay novedades en los mares".
E sobre o mundo o tal livro diz (e não imagino o motivo que o livro teria para mentir): La tierra es redonda y el agua recubre las tres cuartas partes de su superfície. Esto es más o
menos cierto. (...)"
Segundo nossa pobre educação, o mar é muitas vezes onde terminam os mapas, já repararam? Seu avesso. Aquele que arrisca um salto no mar, está perdido (mas só por que o
Atlas não o encontra). A depender do livrinho, e a depender de quem achá-lo, aquele que salta se ocupa das novidades do mar. Um dia volta para nós com um mapa, dado que
estamos perdidos. E isto é mais ou menos certo.